domingo, 18 de março de 2018

Seminário: 150 anos de A Gênese - O Resgate Histórico com Simoni Privato...

A adulteração de “A Gênese”

Enviado em 25 de janeiro de 2018 | Publicado por Rádio Boa Nova 



Allan Kardec publicou, em 1868, sua última obra, A Gênese. Seu entusiasmo foi muito grande, pois, para ele, o Espiritismo diante da ciência “aceita todos os seus ensinos sem exceção, e lhe abre os horizontes que ela supunha intransponíveis, tal será o efeito dessa nova obra”. E ainda mais, tinha a convicção de que ela “dará um passo à frente para a unidade de todos os dissidentes”. Mas fez a ressalva de que haveria a exceção, “no entanto, daqueles que são dissidentes por interesse ou por amor-próprio”.
Em vida, Kardec publicou quatro edições idênticas à primeira, no decurso do ano de 1868. Todavia, desencarnou em março do ano seguinte, causando grande impacto no movimento espírita. Seguiram conflitos terríveis na França, invasão dos alemães, tomada de Paris, e em seguida uma sangrenta revolução proletária.
Em 1872, comandando a continuidade das obras de Allan Kardec, Pierre Gaetan Leymarie, dissidente inconformado com os conceitos fundamentais apresentados em A Gênese, foi o responsável por uma extensa mutilação do texto original, publicando uma hoje sabidamente falsa “quinta edição revisada, corrigida e aumentada”. Por volta de 300 adulterações entre supressões, acréscimos, alterações do sentido, inversões de palavras.
Em 1884, no artigo “A Infâmia”, Henri Sausse, com o apoio de Gabriel Delanne, Leon Denis, Berthe Froppo, casal Rousen, e muitos outros amigos, médiuns e pesquisadores aliados de Allan Kardec, denunciou a adulteração. Todavia, com todo o poder sobre as obras, Leymarie negou o ocorrido, autorizando a tradução somente da edição adulterada.
No Brasil, todas as traduções desde 1882, quando se publicou a primeira, foram feitas a partir do texto adulterado dessa quinta edição. Mas ninguém tinha provas dessa infâmia, os anos passaram, e a polêmica ficou esquecida.
Em 1998, Carlos de Brito Imbassahy, tendo às mãos uma versão original de La Gènese de Kardec, em sua terceira edição, herdada de seu pai, o grande pesquisador Carlos Imbassahy, percebeu as mudanças equivocadas da versão traduzida, e se dedicou a elaborar uma tradução do texto original. Mas seus protestos não tiveram repercussão.
Tudo mudou quando o presidente da Confederação Espiritista Argentina, Gustavo Martínez, questionou a pesquisadora Simoni Privato sobre a polêmica. Diante dos fatos, ela foi pesquisar nos Arquivos Nacionais e na Biblioteca Nacional da França. Minuciosa busca.
Encontrou, enfim, os documentos oficiais comprobatórios da adulteração! O relato completo está em El Legado de Allan Kardec, que em março próximo será lançado em sua edição brasileira. As quatro primeiras edições são comprovadamente iguais e únicas lançadas pessoalmente por Allan Kardec:
“Os documentos provam, de maneira categórica, que a quinta edição, ‘revisada, corrigida e aumentada’, de La Génesis, foi publicada em 1872, mais de três anos depois da morte física de Allan Kardec. Portanto, é falsa qualquer alegação a favor de que Allan Kardec seria o autor das modificações existentes na quinta edição” (PRIVATO, El Legado de Allan Kardec, p.170).
Todos somos vítimas dessa adulteração da obra de Kardec. É dever dos espíritas, 150 anos depois, restituir a edição original dessa obra fundamental da Doutrina Espírita.
A Confederação Argentina prontamente publicou uma versão em espanhol de A Gênese original. Todo o movimento espírita mundial está se mobilizando em congressos e atividades em torno da restauração da verdade.
Após a divulgação dos fatos no Programa Livre Pensamento, da TV Mundo Maior, por Cláudio Palermo e Paulo Henrique de Figueiredo, o senhor Lombardo, presidente da FEAL, decidiu, em nome dessa representativa entidade espírita, restaurar a versão original de A Gênese de Allan Kardec, de acordo com sua primeira edição, fazendo justiça 150 anos depois de sua publicação. Será utilizada como base a tradução de Carlos de Brito Imbassahy, fazendo homenagem também ao seu esforço pioneiro.
Nesse momento histórico, em meio a diversas iniciativas já em curso em todo o movimento espírita brasileiro, para ampliar ainda mais essa tarefa fundamental de restituir a verdade, a FEAL cumpre o papel de sua missão fundamental na divulgação da Doutrina Espírita em nossa língua pátria!
Paulo Henrique de Figueiredo, autor de Revolução Espírita – a teoria esquecida de Allan Kardec e Mesmer – a ciência negada do magnetismo animal.
Fonte http://radioboanova.com.br/evangelho_e_reforma/adulteracao-de-genese/